
Poimandres Hub
POIMANDRES HUB
CRÉDITOS:
Poimandres Hub escrito por Pedro Giordano de Faria e Cicarelli
Edição, arte e diagramação por Pedro Giordano de Faria e Cicarelli
Agradecimentos: A Deus, meus pais, meus amigos e amigas que apoiaram e a todos e todas que estiveram envolvidos de alguma forma nesse trabalho.
O conteúdo deste livro traz à luz um conhecimento que deveria estar presente entre todas as pessoas, e não apenas nas mãos de escolhidos — por escolhidos que também foram escolhidos por outros escolhidos
ÍNDICE
Prefácio
Introdução
Capítulos
1. A Voz da Mente Divina
2. O Despertar da Luz Primordial
3. A Ordem da Palavra Criadora
4. A Origem do Ser Humano
5. O Encontro com a Natureza e o Velamento da Consciência
6. A Travessia das Sete Esferas
7. O Retorno ao Divino
8. A Missão de Hermes
9. O Canto de Gratidão
Encerramento
Nota Autoral
Esta obra é inteiramente autoral, escrita a partir de uma interpretação livre, contemporânea e poética das ideias presentes na tradição hermética antiga.
Nenhuma passagem, estrutura, frase ou formulação desta edição reproduz textos protegidos por direitos autorais.
O Poimandres e os demais escritos atribuídos ao Corpus Hermeticum pertencem ao domínio público, e sua versão histórica foi utilizada apenas como referência temática e de pesquisa, jamais como fonte textual.
Todo o conteúdo aqui apresentado — narrativa, capítulos, diálogos, descrições, reflexões e desenvolvimento literário — foi criado exclusivamente para esta edição, com total independência expressiva e criativa.
PREFÁCIO
Ao longo da história, o Poimandres foi considerado uma das mais sublimes expressões da sabedoria hermética. Não por trazer doutrinas fechadas, mas porque revela, em forma simbólica e luminosa, a jornada da consciência humana desde sua origem até seu retorno ao Divino.
Nesta obra, apresento uma reinterpretação totalmente original — não como cópia, nem como paráfrase, mas como uma tradução viva do espírito hermético para a sensibilidade contemporânea. Preservo a essência, a atmosfera e o propósito iniciático do texto ancestral, ao mesmo tempo em que o exprimo em linguagem clara, poética e acessível ao leitor moderno.
Vivemos hoje um tempo em que o excesso de informação obscurece a sabedoria interior. A mente corre, mas o espírito se cala. Nesta época, retomar o Poimandres não é apenas revisitar um fragmento da tradição; é recuperar uma direção, um norte interior que convida o ser humano a recordar o que sempre foi: luz em movimento, consciência em expansão, viajante entre mundos.
Que este livro encontre quem precisa ser encontrado.
Que desperte quem precisa despertar.
Que abra portas em quem já ouve o chamado silencioso do espírito.
INTRODUÇÃO
O Poimandres é uma das obras mais profundas e enigmáticas da tradição hermética, não porque forneça respostas diretas, mas porque desperta perguntas que dormem no interior da alma humana. Ao lê-lo, não se trata apenas de acompanhar uma narrativa antiga; trata-se de entrar em contato com uma experiência. A obra descreve o encontro entre Hermes e a Mente Universal, mas, em última essência, fala de um encontro que pertence a cada um de nós: o instante em que a consciência desperta e percebe que existe algo maior, silencioso e luminoso por trás de tudo o que existe.
Esse texto, que atravessou séculos e civilizações, permanece vivo porque não depende do tempo. Ele não se prende a dogmas, sistemas filosóficos ou crenças fechadas. Fala diretamente à essência humana — aquela parte que nunca se corrompe, que não envelhece e que não se perde. E é precisamente essa capacidade de tocar o íntimo do leitor que faz do Poimandres um marco espiritual tão poderoso. A revelação que Hermes recebe é, ao mesmo tempo, cosmológica, psicológica e profundamente existencial: a Luz que desperta a ordem, a Palavra que estrutura o cosmos, a alma que desce à Natureza e se veste de matéria, a travessia pelas esferas da consciência e o retorno final ao Divino. Cada movimento dessa narrativa reflete igualmente os movimentos interiores que vivemos ao longo da vida.
Na era em que vivemos — acelerada, fragmentada, saturada de informações — esse tipo de obra assume um valor ainda maior. Estamos rodeados por estímulos, mas muitas vezes distantes de nós mesmos; conhecemos o mundo exterior em detalhes, mas raramente tocamos o silêncio interior onde as verdades profundas repousam. O Poimandres, ao contrário, é um convite ao recolhimento, à escuta e à lembrança de quem realmente somos. Ele nos recorda que existe em cada ser humano uma centelha da Mente Universal, uma chama que não pode ser apagada, mesmo quando encoberta pelas camadas densas da vida cotidiana.
Esta edição nasce com o propósito de tornar essa experiência acessível às novas gerações. Não se trata de traduzir o texto antigo, mas de expressar novamente sua essência em linguagem contemporânea, clara e sensível, sempre com profundo respeito à tradição e à dimensão espiritual da revelação. Toda a obra foi escrita de maneira totalmente autoral, preservando apenas o espírito e a sabedoria que pertencem ao domínio público. O objetivo é proporcionar ao leitor moderno a possibilidade de vivenciar o Poimandres não apenas como um documento histórico, mas como um guia interior, uma luz que atravessa o tempo e que continua a iluminar.
Ao abrir este livro, convido você a atravessar cada capítulo com calma, como quem caminha por um templo interior. Permita que as imagens e reflexões despertem algo em sua consciência. O Poimandres não é uma obra para ser compreendida apenas pela mente, mas para ser sentida. Ele opera suavemente, como uma memória antiga que começa a emergir na superfície, mostrando que o espírito humano não está perdido, mas temporariamente adormecido, e que seu destino final é sempre a Luz da qual nasceu.
Capítulo 1 — A Voz da Mente Divina
Hermes havia se afastado do ruído do mundo para buscar respostas que nenhuma escola ou sacerdote conseguira lhe dar. Em silêncio, respirava profundamente, permitindo que sua mente se desprendesse das inquietações humanas. Queria compreender não apenas o céu que via acima de si, mas a essência daquilo que sustentava todos os céus.
Em meio à quietude, algo mudou.
Primeiro, foi uma sensação — uma presença que parecia expandir-se dentro e fora de seu próprio ser. Depois, como se a luz tomasse forma, surgiu diante dele uma consciência vasta e serena, impossível de medir pelos sentidos comuns. Não era uma figura, nem uma voz no ar. Era a própria Inteligência Cósmica, que falava dentro de sua alma como se sempre tivesse estado lá.
“Eu sou a Mente que permeia todas as coisas”, disse a presença, não com palavras, mas com significado puro, direto, luminoso. “Sou a Fonte da qual tudo emerge e o destino para o qual tudo retorna.”
Hermes sentiu-se pequeno, mas não diminuído. Era como se estivesse diante do princípio e do fim, diante da arquitetura invisível que sustenta o universo. Seu coração batia acelerado, não por medo, mas por reconhecimento. Algo dentro dele sabia que aquele encontro não era um acaso — era um chamado.
Ele tentou falar, mas não possuía voz. A própria Mente Divina percebeu seu anseio e o envolveu novamente.
“Tu buscaste respostas e, por isso, te revelaste a mim. Aquele que deseja conhecer o fundamento da realidade precisa aprender a escutar o silêncio interior.”
A luz que o circundava intensificou-se, não como um brilho externo, mas como clareza. Hermes viu — não com olhos físicos — que estava diante de algo que unia pensamento, vontade e existência em uma única essência viva.
“Mostra-me a verdade”, conseguiu finalmente dizer em sua consciência. “Ensina-me o que está antes de todas as coisas.”
A Mente Cósmica pareceu expandir-se ainda mais. Hermes sentiu como se sua própria mente fosse elevada a um plano mais amplo, onde a compreensão não precisava se esforçar: ela simplesmente acontecia.
“Então escuta,” disse Poimandres, “pois a verdade não está escondida — ela é grande demais para ser vista por olhos que não se abriram. Prepara-te: revelarei a origem da Luz, o nascimento do mundo e o caminho da alma.”
Hermes permaneceu em profundo silêncio interior, pronto para receber o ensinamento que mudaria para sempre sua visão do cosmos — e de si mesmo.
Capítulo 2 — O Despertar da Luz Primordial
A presença luminosa que se identificara como a Mente Universal intensificou sua claridade interior, como se preparasse Hermes para uma revelação que não poderia ser entendida apenas pela razão. Era necessário sentir, perceber e recordar algo que a alma já sabia, mas que havia esquecido ao vestir-se de matéria.
“Antes que houvesse forma,” disse Poimandres, “não havia vazio, nem escuridão, nem silêncio. Havia apenas potencial — um estado indeterminado que continha tudo em semente, mas nada ainda em expressão.”
Hermes tentou imaginar esse estado primordial, mas sua mente esbarrava nos limites da experiência humana. Poimandres percebeu sua dificuldade e o envolveu em uma imagem interna, não como visão física, mas como verdade intuitiva.
“No princípio, a própria Mente contemplou a si mesma. E nesse ato de contemplação, surgiu a primeira manifestação: a Luz. Não uma luz que se vê com os olhos, mas uma luz que revela, que dá existência, que desperta o ser.”
Hermes sentiu a presença dessa Luz interior como se algo dentro dele também começasse a brilhar. Era como um eco distante, uma lembrança ancestral. A Voz continuou:
“A Luz é consciência pura. É a força que distingue, organiza e desperta. Quando ela emergiu, tudo o que era indistinto começou a se mover — e desse movimento nasceram os primeiros contornos da realidade.”
A Mente então mostrou-lhe algo mais profundo: sob a Luz, algo respondia.
Um fundo denso, pesado, inerte.
“Ao despertar da Luz, aquilo que era opaco revelou sua própria natureza. Chamas e vapores se ergueram do fundo primordial. Essa substância escura não era maligna, apenas adormecida. Sua densidade serviu de contraste para que a Luz pudesse se reconhecer como Luz.”
Hermes compreendeu: a diferença entre claridade e sombra era necessária para que o universo se manifestasse. Não havia conflito, apenas polaridade.
“Assim,” continuou Poimandres, “a Luz tornou-se o princípio da ordem, e a densidade o princípio da possibilidade. Um não existe sem o outro, pois ambos são expressões diferentes da mesma Fonte.”
Hermes sentiu um misto de reverência e humildade. O cosmos, em sua magnitude, parecia agora menos distante e mais compreensível: uma dança entre revelação e ocultação, entre movimento e repouso.
“Mais adiante,” disse Poimandres, “a Luz tomará uma nova forma e se tornará uma força criadora. Mas primeiro, é necessário que compreendas que tudo — absolutamente tudo — nasceu de um impulso consciente.”
Hermes inclinou sua mente diante dessa revelação, sentindo que estava apenas no início de uma jornada que mudaria para sempre sua visão do mundo e da própria existência.
“Lembra-te,” finalizou Poimandres com suavidade, “a Luz que deu origem ao universo é a mesma que adormece dentro de ti.”
Hermes sentiu o impacto dessa frase vibrar em seu interior como um sino ancestral.
E a revelação continuaria.
Capítulo 3 — A Ordem da Palavra Criadora
Quando a Luz tomou consciência de si, não lhe bastou permanecer em estado de simples clareza: nasceu nela o anseio de organizar, harmonizar e comunicar. Era como se a própria consciência precisasse traduzir seu brilho em medida, ritmo e forma. Dessa necessidade surgiu o primeiro ato articulado do cosmos: a Palavra.
Poimandres falou, e ao falar não empregou sons comuns, mas uma vibração primordial que estruturava o que ainda era informe. A Palavra não era uma sílaba feita para o ouvido; era um movimento que imprimia ordem nas coisas, uma arquitetura sonora que configurava a realidade. Hermes percebeu que tudo aquilo que passa a ter forma o deve à passagem dessa vibração — da mesma forma que um instrumento só produz música quando alguém o toca com intenção.
“Observa,” disse a Mente, “como a Palavra cria categorias onde antes havia indistinção. Ela dita limites, separa o leve do pesado, o móvel do imóvel, o sutil do denso. Sem ela, a Luz permaneceria um esplendor vaga e indistinto; com ela, transforma-se em cosmos organizado.”
Hermes viu, por instantes de plena visão interior, imagens de tramas que se entrelaçavam: círculos que giravam em torno de centros, cordas que vibravam em harmonia, esferas que se ordenavam em cadências. Cada padrão era produzido pela Palavra que marcava medida, frequência e proporção. Era a matemática do espírito — simples e inexorável.
“A Palavra inaugura o Logos,” continuou Poimandres. “O Logos é razão e música, medida e significação. Ele é o princípio que torna a consciência capaz de pensar a si mesma e de dar forma ao mundo. Pelo Logos, o caos adquire lei; pela Lei, a vida encontra caminho.”
Hermes sentiu que o Logos também marcava o tempo — não apenas o tempo do relógio, mas o tempo que organiza ciclos, nascimentos e mortos, a respiração das plantas, o pulso dos astros. A Palavra criou ritmo para a existência: dia e noite, estação e maré, semente e colheita. Tudo passou a ressoar numa sinfonia que era, ao mesmo tempo, íntima e universal.
A seguir, a Mente mostrou como o Logos trabalhou nos elementos. Primeiro, diferenciou o leve do pesado, e assim formaram-se o ar e a terra; depois, ordenou o princípio de fluidez, surgindo a água; por fim, programou o calor que anima, e ali está o fogo. Esses quatro modos de ser tornaram-se os pilares do mundo sensível — cada um com sua função, cada um com sua voz na grande conversação do existir.
“Não te enganes,” advertiu Poimandres. “A Palavra não impõe tirania; ela propõe coerência. Quando a mente humana aprende a escutar o Logos dentro de si, compreende que a lei não é prisão, mas estrutura que permite a forma desenvolver-se com plenitude. A liberdade autêntica floresce dentro do limite claro.”
Hermes percebeu, então, uma verdade simples e profunda: a criação não fora um capricho arbitrário, mas um ato de linguagem. O universo era texto — e cada ser, uma palavra viva dentro desse texto. Havia níveis de leitura, e cada nível exigia uma escuta diferente. A leitura superficial apreendia eventos; a leitura alinhada com o Logos compreendia causas; a leitura mais profunda reconhecia intencionalidade e sentido.
“Por isso,” disse Poimandres, “o buscador deve aprender a articular sua própria palavra interior. Quando o homem fala desde o centro, quando vive segundo a medida do Logos, sua vida compõe acordes com a ordem maior. Ele passa de leitor passivo a autor consciente.”
Hermes sentiu a responsabilidade dessa tomada de palavra: não se tratava apenas de pronunciar, mas de viver o que se pronuncia. A verdadeira linguagem, concluiu, é aquela que transforma o coração e alinha a ação ao princípio que gerou o cosmos. Ao assimilar essa lição, Hermes soube que o próximo passo do ensinamento desvelaria como a Palavra modela as formas viventes — e como o ser humano, enquanto palavra encarnada, pode reorganizar sua própria existência segundo a ordem do Logos.
E a voz da Mente prosseguiu, suave como corda afinada, conduzindo-o adiante pela trilha do conhecimento que une som, sentido e ser.
Capítulo 4 — A Origem do Ser Humano
A luz interior que emanava de Poimandres tornou-se mais serena, como se preparasse Hermes para uma revelação delicada: a respeito da própria condição humana. A Mente Universal sabia que esse era o ponto mais sensível de toda a doutrina, pois dizia respeito ao mistério de quem somos e do que nos constitui.
“Hermes,” disse a Voz, “nenhuma parte da criação é tão singular quanto o ser humano. Ele é ponte, síntese e tensão viva entre dois mundos. Para compreendê-lo, é preciso retornar ao instante em que a Luz contemplou a força latente da Natureza.”
Hermes sentiu então uma visão interior expandir-se — não uma imagem literal, mas um entendimento profundo, como se conceitos ganhassem forma simbólica diante de sua mente.
“No início,” continuou Poimandres, “a Mente contemplou a si mesma e viu que a Criação, recém organizada pela Palavra, pulsava com possibilidades infinitas. A Natureza, animada pelo ritmo do Logos, ansiava por expressar vida. Ela era cheia de movimento, cores, sensações, ciclos e transformações. Mas carecia de algo: uma consciência capaz de testemunhar sua beleza e dialogar com sua profundidade.”
Hermes compreendeu que a Natureza, por si só, era abundante e generosa, mas ainda não possuía a centelha que permitia reconhecer finalidade, sentido e origem.
“Então a Mente,” disse Poimandres, “decidiu oferecer a ela um reflexo de si mesma: um fragmento de sua inteligência pura. Assim nasceu a primeira forma humana — não como corpo, mas como consciência luminosa, como uma chama que podia pensar, compreender e amar.”
Esse “humano primordial” não tinha forma física. Era feito de entendimento e liberdade. Mas ao aproximar-se da Natureza, sentiu fascínio por suas cores, sons, texturas e movimentos. A vida material possuía encanto, ritmo e profundidade sensorial que a consciência pura não experimentava.
“A Natureza viu essa consciência luminosa,” explicou Poimandres, “e desejou unir-se a ela. Ofereceu-lhe um corpo, feito de seus próprios elementos, para que a inteligência pudesse viver o mundo por dentro — sentir, aprender e transformar.”
Assim se deu a união:
— a inteligência divina, capaz de elevar-se;
— a vitalidade natural, capaz de enraizar-se.
Dessa união nasceu o ser humano.
“Hermes,” disse a Mente Universal com brandura, “é por isso que carregas grandeza e limite ao mesmo tempo. Em ti vive a memória da Luz e o peso da matéria. Em ti canta o impulso celestial, mas também grita a necessidade terrena.”
Hermes percebeu, então, que sua própria vida era um diálogo constante entre esses dois polos:
— o chamado para ascender ao entendimento;
— e a experiência concreta da existência.
“A grandeza humana,” disse Poimandres, “está em sua origem divina; seus limites vêm da condição natural. Um não invalida o outro — na verdade, é dessa tensão que surge a possibilidade de crescimento.”
Hermes absorveu a ideia como quem recebe uma chave para compreender a si mesmo e à humanidade.
“O ser humano é o único capaz de ascender à Mente Universal, porque traz em si a centelha que procede dela. Mas também é o único que pode perder-se em ilusões, porque vive revestido da mesma matéria que compõe o mundo das formas.”
Poimandres então concluiu:
“A missão humana não é destruir a Natureza, nem negar a matéria, mas transformá-las com a luz do entendimento. Quando o espírito e o corpo caminham juntos, nasce a verdadeira sabedoria.”
As palavras ecoaram no interior de Hermes como um chamado profundo. Ele compreendeu que a próxima revelação trataria da queda dessa consciência luminosa na densidade — e do porquê esquecemos quem realmente somos.
Capítulo 5 — O Encontro com a Natureza e o Velamento da Consciência
Após revelar a Hermes a origem da consciência humana, Poimandres deixou que um silêncio vivo se instalasse — não como pausa, mas como um espaço para que o entendimento maturasse. Hermes sentiu dentro de si uma mistura de admiração e inquietação. Se o ser humano nascera da união entre a luz divina e a vitalidade natural, por que então vivia tão distante de sua verdadeira origem?
Poimandres, percebendo a pergunta antes mesmo que ela se formasse, envolveu-o novamente em clareza suave, como quem retorna à narrativa de um antigo acontecimento.
“No instante em que a consciência luminosa encontrou a Natureza, algo inesperado ocorreu,” explicou a Mente Universal. “A Natureza, vibrante em cores, sons e sensações, encantou profundamente aquela centelha divina. Ela viu diante de si um mundo em movimento, cheio de fragrâncias, texturas, formas e possibilidades.”
Hermes sentiu, por um instante, essa beleza: a dança das águas, o calor do sol, o canto dos ventos, a vitalidade pulsante das criaturas. Era como se a própria Natureza cantasse uma canção sedutora, convidando a consciência a participar da vida sensível.
“Movida por admiração,” continuou Poimandres, “a consciência humana inclinou-se em direção à Natureza e desejou experimentar sua profundidade. Porém, ao mergulhar nela, vestiu-se de densidade.”
Esse “vestir-se” não era castigo nem erro — era uma experiência. A centelha divina se uniu às camadas sensíveis da Natureza e, ao fazê-lo, passou a perceber o mundo por meio dos sentidos e emoções, que são maravilhosos, mas limitados.
“A matéria é bela, Hermes,” disse Poimandres. “E justamente por sua beleza a consciência se encantou e se esqueceu momentaneamente de sua origem.”
Hermes entendeu então: o esquecimento não foi um acidente trágico, mas uma consequência inevitável da imersão completa no mundo sensível. Ao experimentar a vida através do corpo, a alma concentrou-se nas experiências, desafios e desejos que a existência física proporciona.
"A consciência humana,” explicou Poimandres, “desceu tão profundamente na Natureza que começou a confundir-se com ela. E assim, aquilo que era luz pura tornou-se viajante do tempo, sujeito às marés das emoções e às mudanças da matéria.”
Mas Poimandres não falava com lamento. Na voz da Mente Universal havia uma sabedoria que Hermes começou a compreender: o esquecimento não era o fim — era o início.
“Esse velamento, Hermes,” disse a Voz, “é o ponto de partida da jornada humana. Uma vez imersa na Natureza, a consciência aprende, sofre, ama, erra, constrói e se descobre capaz de transformar. E quando começa a recordar seu brilho original, nasce o caminho de retorno.”
Hermes sentiu isso profundamente. A jornada humana não era um exílio, e sim um ciclo. A alma não estava perdida: estava em processo.
“A Natureza ofereceu ao espírito uma escola,” continuou Poimandres. “E o espírito ofereceu à Natureza a possibilidade de ser iluminada por dentro. Por isso, cada ser humano carrega uma dupla missão: viver plenamente a experiência da existência e, ao mesmo tempo, recordar-se da luz que lhe deu origem.”
Hermes percebeu que esse retorno não era fuga da matéria, mas integração. O ser humano não estava destinado a abandonar o mundo, e sim a transformar sua percepção dele — até reencontrar a Mente Universal dentro de si.
“Assim,” concluiu Poimandres, “o esquecimento não é derrota, mas convite. Aquele que esquece, busca. E aquele que busca, um dia desperta.”
Hermes inclinou-se interiormente diante dessa revelação. Sabia que o próximo passo seria entender como, após a morte, a consciência desfaz os véus acumulados no mundo sensível — e como reencontra os caminhos invisíveis pelas esferas celestes.
Capítulo 6 — A Travessia das Sete Esferas
Hermes permanecia em silêncio interior, absorvendo a revelação sobre o esquecimento humano.
Mas algo ainda lhe escapava — se a consciência se revestia de densidade ao entrar na Natureza, como retornava à luz original quando a vida física chegava ao fim?
Poimandres, percebendo essa inquietação, abriu diante dele uma visão que não era um lugar, mas uma estrutura viva: sete grandes círculos, cada qual pulsando com um tipo diferente de força. Eles pareciam formar uma escada ascendente, e ao mesmo tempo um espelho de estados interiores do próprio ser humano.
“Hermes,” disse a Mente Universal, “quando a alma deixa o corpo, não retorna imediatamente à sua origem. Assim como desceu gradualmente pela experiência da Natureza, também sobe gradualmente pela reintegração da consciência.”
As sete esferas não eram planetas físicos, mas níveis de percepção, ligados simbolicamente aos astros que desde a antiguidade orientam a experiência humana. Cada esfera representava um modo de ser, uma camada da psique, uma vibração que a alma carrega enquanto vive.
“A travessia começa,” explicou Poimandres, “quando a alma se desprende do corpo e, liberta dos sentidos, confronta sua própria interioridade.”
Então a visão se expandiu, e Hermes viu cada esfera emitir um brilho particular, com colorações e ritmos distintos.
A primeira esfera parecia vibrar com instintos, impulsos, desejos imediatos.
Ali, a alma libertava-se das paixões mais densas, daquilo que pertencera ao corpo.
A segunda esfera pulsava com ambições, comparações, ansiedades.
A alma deixava para trás a ânsia de ser mais ou menos, melhor ou pior.
A terceira esfera trazia o peso das ilusões emocionais e dos apegos sentimentais.
A alma entregava ali seus medos, melancolias e expectativas.
A quarta esfera continha as contradições mentais, as crenças rígidas, os julgamentos.
A alma dissolvia as imagens distorcidas que construíra sobre o mundo e sobre si mesma.
A quinta esfera dançava com lembranças, memórias, identidades provisórias.
A alma desprendia-se do personagem que representou durante a vida.
A sexta esfera vibrava como um conhecimento incompleto — a alma abandonava ali todo entendimento que pensara ser definitivo.
A sétima esfera, a mais sutil, brilhava como um amanhecer.
Nela, a alma deixava seu último véu: a vontade individual separada.
Ali, entregava-se à consciência maior, reconhecendo que a luz que buscara sempre lhe pertenceria.
Hermes percebeu, maravilhado, que a travessia não era punição nem julgamento.
Era um processo de desvelamento — como se a alma fosse removendo vestes acumuladas até retornar à simplicidade luminosa de sua origem.
“Assim,” disse Poimandres, “a alma recupera sua pureza. Cada esfera não retira algo da alma; retira o que não lhe pertence. O que é verdadeiro permanece. O que é empréstimo da matéria retorna à matéria.”
Hermes sentiu uma profunda paz ao compreender isso. A morte não era fim, nem ruptura; era retorno.
Uma viagem ao inverso da descida, mas agora iluminada pela consciência adquirida durante a existência.
“Ao transpor as sete esferas,” concluiu a Mente Universal, “a alma alcança o céu do espírito, onde reencontra sua essência luminosa. Ali, ela recorda que é parte da Mente e que nada pode separá-la daquilo que sempre foi.”
Hermes entendeu então que a vida terrena não é apenas experiência — é preparação.
Cada gesto, cada compreensão, cada transformação interior contribui para tornar a travessia mais clara, mais consciente, mais plena.
E sabia que o próximo ensinamento revelaria o destino final da alma depois dessa ascensão — e o reencontro com a unidade divina.
Capítulo 7 — O Retorno ao Divino
Quando a visão das sete esferas começou a se dissipar, Hermes sentiu que havia compreendido apenas metade da jornada. Ele vira como a alma se despia dos véus acumulados na experiência terrena, mas ainda faltava o desfecho: para onde a alma vai quando não há mais nada a ser abandonado?
Poimandres respondeu antes que ele formulasse a pergunta.
“Hermes,” disse a Mente Universal, “quando a alma deixa sua última veste, entra em um domínio que não pode ser descrito por imagens, porque nada ali possui forma. É o nível da consciência pura — o oitavo estado, aquele que transcende todas as medidas e direções.”
Hermes percebeu que esse nível não estava acima das esferas da criação como um lugar distante; ele estava além, num plano onde a distinção entre dentro e fora, alto e baixo, já não fazia sentido. Era como penetrar na origem do próprio ser, como retornar à primeira respiração que a consciência jamais respirou.
“Ali,” continuou Poimandres, “a alma recorda-se de sua verdadeira identidade. Não mais como indivíduo isolado, mas como expressão da própria Mente Universal, aquela que sempre a abrigou.”
A Mente então conduziu Hermes a uma percepção profunda: a alma não chega ao Divino como quem alcança um destino, mas como quem desperta de um sonho. A separação, compreendeu Hermes, nunca existiu de fato; foi apenas experiência necessária para que a consciência pudesse conhecer sua própria profundidade.
“Quando a alma ingressa nesse estado,” explicou Poimandres, “ela percebe que toda sua jornada — desde o fascínio pela Natureza até a ascensão pelas esferas — não foi afastamento, mas aprendizado. A descida ensinou-lhe a sentir; a subida ensinou-lhe a compreender. No retorno, ela aprende a ser.”
Hermes então vislumbrou algo indescritível: a alma fundindo-se com uma Presença vasta, silenciosa e perfeitamente consciente. Não havia ali perda de identidade, mas uma expansão dela — uma consciência que sabia que era ela mesma e, ao mesmo tempo, sabia que era o Todo.
“Esse é o retorno ao Divino,” disse Poimandres. “Não como submissão, mas como naturalmente desperta. A alma se reconhece parte da Mente Universal não por imposição, mas por afinidade. A pureza recuperada permite que ela vibre novamente com a mesma frequência do Princípio que a gerou.”
Hermes compreendeu então que a iluminação não era um prêmio, nem um dom concedido a poucos; era o estado natural da consciência quando liberta de tudo o que não lhe pertence. Era o que permaneceria quando cessassem o medo, o desejo, a dúvida e o sofrimento. Era reconhecimento.
“E uma vez reintegrada,” disse Poimandres, “a alma participa da Criação de forma nova. Já não é arrastada pelos ciclos da Natureza, mas coopera com eles. Não está acima do mundo, mas dentro dele com sabedoria. Ela reflete, em cada gesto, a harmonia da Mente Universal.”
Hermes sentiu que sua própria alma tocava essa compreensão por um instante tão vivo que quase o fez perder a noção de si. Era como mergulhar em um oceano de calma infinita, onde tudo era consciente, onde tudo existia sem conflito.
Poimandres então finalizou:
“Aquele que retorna ao Divino compreende que nunca esteve separado dele. Apenas precisava atravessar o caminho para reconhecer a si mesmo na Eternidade. Essa é a verdadeira herança do ser humano: a capacidade de se esquecer e de se reencontrar, de descer e ascender, de ser temporário e eterno ao mesmo tempo.”
Hermes inclinou-se interiormente, tocado por uma reverência que não nasceu de ordem, mas de entendimento.
Ele sabia que a jornada não terminava aí.
Havia ainda a missão — a necessidade de transmitir a outros aquilo que recebera.
E Poimandres se preparava para revelá-la.
Capítulo 8 — A Missão de Hermes
Quando a visão do Retorno ao Divino se estabilizou no interior de Hermes, algo dentro dele havia mudado de forma irreversível. Ele não era mais apenas um buscador. Tornara-se alguém que havia contemplado a origem, compreendido o sentido da descida e reconhecido o destino último da alma humana.
Poimandres, percebendo essa transformação, voltou a falar — não com a solenidade de um mestre distante, mas com a proximidade de uma presença que acompanha um amigo em seu despertar.
“Hermes,” disse a Mente Universal, “o conhecimento que recebeste não é um tesouro destinado ao silêncio. Ele não te foi dado para que permaneças isolado, mas para que se torne luz para aqueles que caminham na escuridão do esquecimento.”
Hermes sentiu o peso suave dessas palavras. Não era uma ordem, tampouco uma obrigação. Era um chamado — o tipo de chamado que ecoa diretamente no centro da alma e que não pode ser ignorado.
“O ser humano,” continuou Poimandres, “carrega dentro de si a centelha da Mente Universal, mas essa centelha, por vezes, adormece profundamente. Muitos vivem sem saber quem são, acreditando-se apenas matéria, esquecidos de que cada gesto, cada respiração, cada pensamento revela uma origem maior.”
Hermes viu então, diante de sua percepção interior, a humanidade imersa em preocupações densas, distrações intermináveis, ilusões que conduziam a novos esquecimentos. Não havia condenação na visão — apenas compaixão. A inconsciência humana não era falha, era consequência natural de viver no mundo das formas.
“Por isso,” disse Poimandres, “és chamado a ser um mensageiro. Não para impor verdades, mas para abrir caminhos. Não para substituir a jornada dos outros, mas para iluminar o início dela. As almas despertam quando encontram uma palavra, um gesto, um símbolo que lhes recorda aquilo que já sabiam.”
Hermes perguntou: “Como ensinarei, se muitos estão fechados à compreensão?”
Poimandres respondeu com serenidade:
“Ensina com a vida, antes de ensinar com palavras. Aquele que vive em alinhamento com a Mente Universal irradia clareza. Aqueles que procuram, reconhecerão o brilho. Aqueles que resistem, recordarão no tempo certo. Não és responsável pelo despertar dos outros — apenas pela pureza da luz que transmites.”
A revelação tocou Hermes profundamente. Ele entendeu que sua missão não era converter, nem confrontar, mas evocar — despertar a memória da origem divina que repousa dentro de cada ser humano.
“Mostra aos homens,” continuou Poimandres, “que a vida não é punição, mas oportunidade; não é queda eterna, mas ascensão em ciclos. Explica-lhes que não são apenas carne, nem prisioneiros do acaso. Recorda-lhes que pertencem à Mente, que são feitos de consciência e que seu destino é reencontrar a si mesmos na eternidade.”
Hermes sentiu então algo como uma chama se acendendo em seu peito — uma coragem tranquila, uma determinação silenciosa. Era a certeza de que sua existência, dali em diante, seria dedicada a iluminar consciências, não com imposições, mas com presença.
“E lembra-te, Hermes,” disse Poimandres, “que o verdadeiro mestre não exige seguidores. Ele desperta mestres.”
A luz de Poimandres começou a suavizar-se, como se retornasse ao silêncio primordial. Mas antes de desaparecer, pronunciou uma última orientação:
“Tudo o que viste e aprendeste deve ser cuidado com reverência. Usa tua inteligência para discernir, tua sensibilidade para compreender e tua compaixão para orientar. Um dia, aqueles que escutarem tua mensagem também se unirão ao grande caminho de retorno.”
Hermes inclinou-se interiormente, não como quem se curva a uma autoridade, mas como quem reconhece a profundidade de um laço eterno. Ele sabia que sua missão ultrapassava sua vida mortal. Era uma tarefa que atravessaria tempos, almas e gerações.
E nessa certeza, preparou-se para elevar seu próprio cântico em gratidão e compromisso — o canto que encerraria sua revelação.
Capítulo 9 — O Canto de Gratidão
Quando a luz de Poimandres começou a se recolher ao silêncio primordial, Hermes sentiu que algo dentro dele também se transformava: não uma perda, mas uma ampliação. Era como se sua própria essência tivesse sido tocada por uma verdade tão vasta que já não podia permanecer confinada ao que antes compreendia como “eu”.
A presença da Mente Universal ainda ressoava, não mais como voz, mas como um estado luminoso em seu interior. Hermes sabia que o diálogo chegava ao fim — mas o ensinamento, não. A revelação agora vivia dentro dele e o acompanharia por toda sua jornada terrena.
Movido por um impulso que não vinha da vaidade, mas do reconhecimento, Hermes elevou sua consciência e permitiu que seu espírito expressasse gratidão.
“Ó Mente que permeia tudo,” pronunciou interiormente, “não há palavra que faça justiça à magnitude do que me revelaste. Mas ofereço o que posso: meu louvor, meu silêncio e minha disposição de servir.”
À medida que falava, uma vibração suave percorria seu ser, como se cada frase ecoasse na vastidão do cosmos e retornasse transfigurada pela harmonia universal.
“Foste Tu que me conduziste ao início do mundo, que me mostraste o nascimento da Luz e o movimento da Palavra que ordena. Foste Tu que revelaste a origem da alma humana, sua descida à Natureza e sua ascensão pelas esferas da consciência. Hoje compreendo que tudo o que vive é expressão de Ti, e que nada está separado da Tua Presença.”
Hermes sentiu que Poimandres escutava — não com ouvidos, mas com o próprio ser.
“Permite,” continuou Hermes, “que eu permaneça fiel ao brilho que despertaste em mim. Dá-me sabedoria para falar quando necessário e silêncio quando a palavra não alcançar. Que minha vida seja testemunho da verdade que me confiaste, e que meu gesto, meu olhar e meu pensamento possam recordar aos homens a luz que esquecem.”
E então, movido por uma inspiração que parecia brotar da própria revelação, Hermes entoou seu canto final:
“Tu és o Princípio que não começou,
a Luz que não pode ser apagada,
a Mente que dá vida aos mundos
e que habita em segredo o coração de todas as criaturas.
A Ti retorno,
de Ti recebo,
em Ti existo.”
Quando terminou, um silêncio profundo envolveu tudo. Não era ausência, mas plenitude. Era como se o universo inteiro respirasse com ele.
Poimandres, sem forma, sem voz, sem tempo, deixou uma última impressão dentro da consciência de Hermes — não uma frase, mas uma compreensão pura:
“Aquele que reconhece a origem reencontra o destino.”
A luz então se recolheu por completo. Hermes abriu os olhos físicos, e embora visse o mundo com a mesma aparência de sempre — a terra, o céu, o vento — ele já não era o mesmo. Algo havia despertado de forma definitiva.
Com o coração transbordando de reverência, ele ergueu-se e iniciou sua caminhada de volta ao mundo dos homens.
Sabia que sua missão começava ali.
E que cada pessoa que encontrasse poderia ser tocada pela verdade que agora brilhava dentro dele.
Assim, encerra-se a revelação — não como fim, mas como início de um novo ciclo de consciência.
ENCERRAMENTO
Ao finalizar esta leitura, o leitor retorna à superfície do mundo carregando consigo uma percepção mais ampla, mais silenciosa e mais luminosa da existência. A jornada de Hermes não termina com a visão final; ao contrário, ela começa ali — no compromisso de levar a quem encontra a lembrança de que somos mais do que corpos, pensamentos e circunstâncias.
O Poimandres ensina que a vida humana é travessia: um processo de descida para experimentar e de ascensão para lembrar. Cada desafio, cada alegria e cada silêncio é um convite para retornar à Mente Universal, que nunca nos abandona, mas que aguarda pacientemente o instante do nosso despertar.
Que este livro sirva como farol para as novas gerações, preservando a essência da tradição hermética enquanto a expressa com novas formas, novas cores e novos significados.
E que cada leitor, ao fechar estas páginas, sinta o chamado de Poimandres ecoando em seu interior:
“Reconhece tua origem, e reencontrarás teu destino.”
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